#504
Toda a cidade
Reabilitação Urbana e Espaço Público
Rafael Vieira
20/08/23
GEMA | Casacomunidade de ocupaçãotrabalho Trampolim para alternativas de vida
Descrição
Já repararam nos edifícios desocupados que existem por toda a Lisboa? Já pensaram o que é possível acontecer ali? Poderiam ali viver pessoas, poderiam ser locais de trabalho, poderiam ali existir negócios que, neste processo, até gerariam emprego, valorização urbana e promoveriam outras condições de vida e possibilidades às pessoas. E como?
Esta proposta surge da reflexão sobre estas questões. Reconhecemos que os edifícios desocupados da cidade são um vasto património alienado disponível. Reconhecemos também a existência de uma vasta massa humana que, na actual conjectura social e económica, vive em dificuldades, está desocupada, desempregada, tem vontade de gerar trabalho e de gerar valor. Neste sentido, propomos a GEMA.
GEMA podia ser uma sigla, mas não é. Associada à ideia que lhe dá nome, a da ?gema? como origem, como crescimento, como criação e como compromisso de vida, esta é uma proposta que pretende gerar oportunidades de melhor viver aos seus habitantes. GEMA é um espaço experimental que utilizará um edifício desocupado (ou seja, totalmente devoluto), pertencente à Câmara Municipal de Lisboa, em ocupação mista de habitação, trabalho e comércio, e que funcionará como um trampolim para gerar alternativas de vida com as pessoas habitantes da GEMA e da comunidade envolvente.
Estrutura
O objecto da proposta será sempre um edifício devoluto pertencente à Câmara Municipal de Lisboa, cedido em formato de protocolo, dentro daqueles definidos na base de dados camarária e que ascendem a 314 edifícios. O edifício será elegível para a instalação da GEMA se contar com pelo menos 4 pisos, organizandose com a seguinte estrutura:
Piso 0 : Comércio
Piso 1 : Trampolim Espaço coworking de produção/criação própria
Piso 2 e 3 : Habitação
Concebese um espaço para cultivo a colocar na cobertura, pátio ou terraço do edifício.
Funcionamento
A GEMA contará como habitantes pessoas em regime de ocupaçãotrabalho, disponíveis para trabalhar e que se apresentam em situação de dificuldade (jovens, adultas e/ou idosas); pessoas desempregadas, desocupadas e com trabalhos precários (mesmo que com dependentes a cargo). Os habitantes da GEMA assumem o compromisso de produzir produtos ou serviços no espaço Trampolim (Piso 1 da GEMA) em contexto de grupo ou individualmente e contribuir em/com tarefas necessárias ao funcionamento quotidiano da GEMA.
O compromisso estabelecido com os habitantes da GEMA pretende promover o reconhecimento e o desenvolvimento de competências pessoais e de trabalho que desafiarão outras formas de viver (como vida comunitária, partilha de recursos, perspectivas de trabalho, criação de negócio conjunto, práticas promotoras da saúde). Com o trabalho realizado no seio da GEMA os seus habitantes sustentarão também a sua estadia e estimularão a sua progressiva autonomia da casacomunidade. Estabelecese, deste modo, uma reciprocidade entre habitação e trabalho gerado, sendo que a habitação estará disponível a preço acessível e flexível (analisado de antemão, caso a caso, no momento de candidatura) e o compromisso de estadia será tabelado pelo trabalho gerado, sempre numa perspectiva temporária, para gerar rotatividade e permitir oportunidade a novos elementos (esperase que os anteriores habitantes passem a colaboradores externos).
A dinamização do Trampolim é accionada e moderada pela GEMA e conta com a colaboração de pessoas a título individual ou colectivo, dos mais diversos quadrantes profissionais.
A GEMA não é uma startup, não é uma instituição de solidariedade social, nem se assume como acção social, não promove o facilitismo, nem a subsídiodependência; é um espaço casacomunidade que pretende, em condições dignas de vida e de trabalho, constituir uma espécie de família de empréstimo, que partilhará responsabilidades e recursos e, com a sua rentabilização em trabalho, promoverá a progressiva autonomia dos seus habitantes.
A GEMA acolhe espaços comerciais de pequena dimensão e/ou negócios surgidos no seio da GEMA/Trampolim (onde trabalham os habitantes), sendo que uma percentagem do lucro e o valor auferido das rendas irão ser aplicados no funcionamento (e expansão) da própria GEMA. Pretendese que os espaços comerciais arrendados não concorram directamente com a oferta existente na envolvente. Um dos espaços comerciais é o ponto de venda de produtos e serviços para escoar a produção do Trampolim e do espaço de cultivo da GEMA, assumindose também perspectivas de criação de produtos pela ?família? GEMA, também em articulação com a envolvente (em sinergia entre habitantes, a comunidade local e os colaboradores externos).
Outras valências do espaço incluirão a possibilidade de acolhimento de residências artísticas e espaços polivalentes de forma a integrar artistas e artesãos locais ou em trânsito.
Viabilidade e expansão
Enquanto se prepara o edifício para o estabelecimento da GEMA, procedese à análise e triagem das candidaturas dos seus possíveis habitantes, à prospecção de oportunidades comerciais e potenciase o relacionamento com a envolvente e com os agentes locais. Para viabilização económica do espaço promovemse eventos de angariação de fundos, captamse investidores e estabelecemse parcerias.
A GEMA será gerida por um grupo de pessoas, incluindo os proponentes, a definir consoante o estatuto jurídico a estabelecer para o projecto. A proposta para a GEMA pressupõe expansão, ao que, em virtude do número de candidaturas e após a estabilização económica da primeira GEMA, se prevê que esta seja replicada, partilhando a gestão e decisões com a GEMA original.
Orçamento
Inserido no Grupo 2 do OP, de investimento até 150 mil euros. Orçamentase o custo em 150 mil euros.
Proponentes
Liliana Marante e Rafael Vieira, Psicóloga Comunitária e Arquitecto.
Local
A definir
Resultado da Avaliação Técnica
Proposta
Aprovada
A proposta uma vez aceite, deu origem ao projeto que apresentamos abaixo. Quaisquer mudanças em relação à proposta original foram trabalhadas junto do preponente e com as entidades competentes.